Se as escolas de samba estão reclamando de falta de patrocínio, os gays não podem se queixar do próximo carnaval: só de bailes para eles vão ser três – e isso, por enquanto. Dia 27, Milton Cunha faz, na quadra da Unidos da Tijuca, o Glam Gay, que ele define como “um baile mais conceitual, para os gays dos barracões, com destaques de luxo e menos erotizado”. O carnavalesco, que disse que sempre sonhou em se transformar numa espécie de Guilherme Araújo, foi chamado por Chico Recarey para ser o novo diretor do Scala Gay, na terça de carnaval, dia 9 de fevereiro. “Esse, sim, é um baile da pá virada e do barro remexido”, define.
Milton chega ao Scala justamente para ficar no lugar do cabeleireiro Ricardo de la Rosa, que por anos organizou essa festa. Este ano, ele é o responsável por um baile no Cine Veneza, na mesma terça de carnaval. Milton minimiza o possível mal-estar: “Há espaço para todo mundo e o Rio precisa de vários bailes gays”.
A travesti Jane di Castro só decidiu, por enquanto, ir a um baile, que não é gay: o do Copacabana Palace. “Não sou muito mais carnavalesca e o que eu gosto é de glamour e de mordomia, de ver gente bonita, bem vestida e cheirosa. Os bailes gays foram bons até os anos 90, decaíram muito depois disso. Tomara que eles, Ricardo e Milton, consigam reerguer essa festa”. E acrescenta: “Ainda dá tempo para me chamarem para ser rainha de um dos bailes”, avisa Jane, que não tem esse título no seu variado currículo artístico.