Que a crise econômica emperrou muitos projetos empresariais e industriais, disso temos várias provas – surgem todos os dias. Mas pode a estagnação material afetar também a criação? Um certo desânimo geral é capaz de contaminar o raciocínio e a imaginação? Ou, pelo contrário, é nessas horas que alguns conseguem tirar o melhor de si mesmos? Perguntamos a alguns nomes: a crise interfere na sua criatividade?
Ricardo Tozzi, ator: “A crise pode interferir positivamente. Nós nos equilibramos entre conforto e instabilidade; se tem crise, a gente se mexe mais. É aí que alguma oportunidade surge e quem é proativo se mostra. Eu ando bem angustiado com este momento, tudo escasso. Como economista, fico desesperado porque sei o que uma crise significa; mais do que tudo, é a perspectiva de não crescimento.”
Glória Perez, novelista: “A crise afeta meu humor, sim, mas não afeta minha capacidade criativa. Já, como novelista, interfere porque somos cronistas da realidade, do tempo, ou seja, a retratamos de alguma forma.”
Gigi Basto, marchand: “A crise me afeta, sim, porque a violência aumenta, não só na rua como também no geral – as pessoas ficam mais nervosas. Deixa os humores à flor da pele; muitos querendo passar um por cima do outro – isso é que me deixa aflita. Eu, que vendo obras de arte, acho que vai ter sempre alguém querendo comprar o que é bom.”
Tereza Xavier, joalheira: “A criatividade me move constantemente e se mantém neste momento, apesar de ser um desafio pra todo mundo. Minha criatividade caminha independentemente do momento econômico.”
Adriana Mattar, chef: “A crise já interferiu nos meus planos. Interrompemos algumas coisas, enxugando custos, revendo tudo. E sendo mais criativas com os cardápios – esse lado pode até ser positivo -, buscando ingredientes brasileiros. Minha ideia geral é: “Vamos acordar mais cedo?””
Ney Matogrosso, cantor: “Se a crise interferir, só vou notar adiante, mas acho que não. Meus planos continuam de pé. O Brasil tá mergulhando numa coisa escura que não sei no que vai dar.”
Cláudia Melli, artista plástica: “A crise não afeta meu poder criativo; afeta o meu humor, minha indignação. Tanta bandalha me afeta os nervos. Mas me agarro ao pensamento criativo, que nasce a partir da concentração, foco e insistência no trabalho.”
Ney Latorraca, ator: “A crise não interfere em nada nos meus planos – sou mais poderoso que ela. Crise é uma coisa medíocre. Vamos sair dela em 2016; já chegou lá embaixo, agora vamos ressurgir. Que a Dilma tenha boas noites de sono, pra descansar e pensar, sem pesadelos.”
Cláudia Romano, diretora: “Eu sempre sou muito otimista e procuro transformar dificuldades em oportunidades. Na minha rotina, sempre tenho a consciência de ter atitudes para o bem do nosso Brasil; não fico esperando o que o Brasil pode fazer por mim, e sim o que eu posso fazer pelo meu país. Por isso escolhi ser executiva de um grande grupo de ensino. Todos os dias, eu incentivo a Educação, a maior ferramenta de transformação! Educar para transformar, sempre!”