O estudo divulgado nessa sexta-feira (06/11) pela Universidade de Essex, na Inglaterra, que afirma que as mulheres são bissexuais ou gays – isto é, não existe mulher heterossexual, atraída somente por homens – provocou as mais diversas reações nas redes sociais. Teve gente até que achou que se trata de um complô da indústria de filmes pornôs (rs).
Delírios à parte, a antropóloga Mírian Goldenberg, com dezenas de livros publicados sobre comportamento e sexualidade, conta que, por aqui, a coisa não é bem assim. “Não me sinto à vontade para falar de uma pesquisa que não conheço, mas não é isso o que encontro nas mulheres brasileiras. Elas estão é mais interessadas em se libertar de classificações, ninguém está preocupado se é velho, hetero etc”.
O que Mirian tem visto muito é uma inquietação grande sobre sexo casual, a chamada relação de uma noite. “As mulheres ainda têm muita dificuldade de viver seu próprio desejo livremente. Apesar de fazer o sexo casual, a mulher ainda sofre. Por mais que tenham mudado os comportamentos, ela ainda alimenta expectativas românticas – não de casamento, mas de não ser só mais uma, de ser especial, diferente de todas as outras que o parceiro já teve”, explica.
Para a antropóloga, essa é uma fase de transição para uma maior liberdade feminina, e tende a acabar. “A quantidade de parceiros que uma mulher já teve tende a não ser mais um problema. O Tinder e os vários aplicativos estão ajudando nisso. Tem gente até se casando depois de um encontro assim – prova de que os homens não estão mais estigmatizando a mulher com vários parceiros sexuais”.