A carioca Paula Saldanha vai ser a grande homenageada da edição do Prêmio Chico Mendes de Jornalismo, terça-feira (24/11), no Clube Sírio Libanês, em São Paulo. Autora de dezena de livros como ambientalista, foi uma das pioneiras na produção de documentários sobre o assunto no país – muitas das matérias feitas pela sua produtora RW foram exibidas no Fantástico, entre 1987 e 1992.
“Estou há 40 anos batalhando na área, costumo dizer que sou uma dinossaura”, comenta Paula, que, entre outros feitos, tem no currículo o fato de ter comandado, em 1994, a primeira equipe a registrar a verdadeira nascente do rio Amazonas, nos Andes peruanos, a 5.500 m de altitude.
Por uma triste coincidência, sua equipe estava em pré-produção de um documentário sobre o Rio Doce quando aconteceu a tragédia de Mariana, com o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco e a inundação de lama e dejetos tóxicos. A intenção era registrar a diminuição da vazão da foz do rio, que não estava mais atingindo o mar, como um alerta à sociedade. “Agora, mudou tudo, paramos para reescrever o roteiro”, conta, horrorizada com uma das maiores catástrofes ambientais do país, mas decidida a levar o projeto do documentário adiante. “A questão ambiental-social no Brasil não está sendo devidamente cuidada, o que acarreta graves prejuízos econômicos para o país”, diz. “Penso como o Papa Francisco, que acredita que o sistema capitalista é incompatível com a justiça ambiental e social”.
Atualmente na direção de conteúdo do programa “Expedições”, exibido na TV Brasil, e que está fazendo 20 anos, Paula vai lançar, em 2016, um programa para a TV por assinatura, também ligado à internet. “Vou abordar temas bem polêmicos, indo a campo e entrevistando grandes nomes de brasileiros”, adianta.