Vi críticas e elogios a François Hollande, Presidente francês, que fez um pronunciamento pouco tempo depois dos atentados terroristas em Paris, na noite dessa sexta-feira (13/11), até agora com mais de 120 mortos. Demonstrou absoluto equilíbrio. Um líder precisa ser exatamente assim: equilibrado, forte, sereno – em qualquer situação, principalmente nas trágicas e, mais que isso, se fazer presente. Foi o contrário, por exemplo, do que fez recentemente a Presidente Dilma Rousseff em outra tragédia, a de Mariana, em Minas Gerais, onde se romperam as barragens de Fundão e Santarém. Dilma lá chegou como uma sargenta, ameaçando, mostrando (primeiro a ausência, uma semana depois da tragédia), depois o desequilíbrio, falando em valores e multas, quando não é esse o papel de uma Presidente. No dia da catástrofe, não se manifestou. Nesses momentos de dor e desespero, a população precisa saber que existe alguém por ela. Hollande estava no Stade de France no momento em que começaram os atentados, assistindo a um jogo entre Alemanha e França. Duas horas depois, estava à frente das câmeras, tentando acalmar os cidadãos – era perceptível uma expressão perturbada e pesada, o luto, mas falando com calma, com postura, com firmeza. É o controle sobre si mesmo, o que deveria ser exigido dos grandes líderes, “não importando” quais sejam seus sentimentos nesses momentos; depois pode gritar, chorar, enlouquecer, não interessa, já vira assunto particular dele. Talvez não seja possível comparar as duas tragédias, até porque os franceses têm o terrorismo assim abruptamente, e nós temos os nossos terrorismos no dia a dia, que podem nem se manifestar com tanta “grandiosidade”, digamos assim, mas estão entre nós. Não por outra razão, mesmo pagando o preço de uma grande dor, a popularidade de Hollande subiu, em janeiro deste ano por ocasião da tragédia no jornal satírico “Charlie Hebdo”, quando ficaram 12 mortos. No coração de François Hollande, pode estar uma coisa; em suas ações, outra. Pelo menos em momentos como esse, é um líder.