Qualquer submundo, basfond, cria personagens míticos, gerados dentro da lógica de uma moral própria, com contornos claros de quem é vencedor e de quem é perdedor. Essa lógica se inverte em “Memórias de um Gigolô”, baseada na obra de Marcos Rey, com adaptação e direção de Miguel Falabella, músicas e letras de Josimar Carneiro e Miguel Falabella.
Um menino, Mariano (Leonardo Miggiorin), perde a mãe meio trambiqueira, meio cartomante, e é criado por Madame Antonieta (Mariana Baltar), dona de um bordel. Já adulto, se apaixona pela principal prostituta, Lu (Mariana Rios), cujo gigolô, Esmeraldo (Marcelo Serrado), dono do coração e do pedaço, será seu grande inimigo.
Mariano é órfão desde pequeno e foi criado num ambiente festivo, noturno, onde precisou lidar com todo o tipo de gente. Com isso, adquiriu habilidade e tornou-se um gigolô das palavras. O que ele mais sabia fazer era usar sua lábia para conseguir o que queria. Mas, no meio do caminho, ele acaba se apaixonando pela única mulher que não poderia: Guadalupe (Mariana Rios), a amada de Esmeraldo (Marcelo Serrado), que se torna seu rival para a vida toda. “É uma responsabilidade grande, pois meu personagem é o fio condutor da trama”, declara Miggiorin.
Entre músicas, números de dança, o texto se desenvolve com leveza, mostrando que, mesmo histórias passadas em tempos pesados (ditadura de Vargas) , com encontros e desencontros amorosos, reviravoltas de sorte, pode-se obter um resultado raro: um musical com dramaturgia bem estruturada, com personagens e canções que marcam os episódios. A plateia se distrai com o que é, efetivamente, o gênero: música, dança, trama e bons atores.
Serviço
Teatro Oi Casa Grande
Sextas, 21h
Sábados, 18h e 21h30
Domingos, 20h