Summertime. Vestidos longos. Decotes. Drinks com pouco gelo. Uma big badan (mesmo se fosse pequena). O amor já foi embalado na dança de ritmos lentos de dois corpos abraçados. O amor também já foi cantando com letras com apelos desesperados, separações, promessas de amor eterno. Esse foi o tempo das grandes cantoras. E houve uma, a maior, a mais desesperada: Billie Holiday. É essa é a história de Amargo Fruto – A Vida de Billie Holiday .
Com interpretação de Lilian Valeska, a peça conta os principais episódios da vida da cantora, desde a sua infância, a prematura prostituição, até o seu sucesso retumbante. Milton Filho e Vilma Mello se revezam nos papéis de pai mãe, amigos, camareiras, músicos, amantes, amigos e inimigos. Ressalta-se a solução dramatúrgica que transforma a camareira em um tipo de dupla que pontua.
Não tento ser um clone ou uma imitadora de Billie Holiday – comenta a atriz Lilian Valeska. — No máximo, recorro a algumas inflexões, a certos timbres característicos dela. Quando fui convidada, aceitei na hora. Não tive muito tempo para me preparar, mas li livros, vi vídeos, tentei aprender com a própria Billie, sem imitá-la. Escolhi o caminho do sentimento. Sou uma preta muito brasileira, musicalmente, de modo que tentei entrar no mundo de Billie. Ou em como Billie interpretava suas letras.
Com texto de Jau Sant´Angelo e Ticiana Studart e direção da segunda, além de ouvirmos as magníficas canções o que vemos é o drama de uma mulher fruto de uma sociedade de exclusão, com uma lógica feroz. É excluída porque é mulher. Porque é negra. Porque é mentalmente perturbada e viciada. Porque o único momento em que tem paz é quando canta. E nós, passados mais de 50 anos de sua morte, ainda podemos nos perturbar com tanto talento.
Serviço
Teatro Carlos Gomes.
Sábado às 19:30h
Domingo às 18h.