Tribo pode ser grupo social da mesma etnia, que vive em comunidade sob a autoridade de um ou mais chefes, compartilhando a mesma língua e os mesmos costumes (tribo indígena); ou, ainda, grupo de pessoas que apresentam características e interesses comuns. O que uma tribo não pode ser é desigual, ou acontecer, na mesma tribo, o surgimento de várias tribos. É essa contradição que Nina Raine explora em “Tribos”, espetáculo que nos mostra como a falsa igualdade pode causar danos em uma mesma família.
Com direção de Ulysses Cruz, “Tribos” remonta, em seu elenco também, a ancestralidade do significado do seu título. Um pai, judeu bem-sucedido, lidera uma família problemática, mas não admite qualquer falha. O caçula é surdo de nascença; o filho nem a filha conseguem realizar qualquer ato de autonomia. Antônio Fagundes é o pai-patriarca Christopher, que domina a tudo e a todos. Bruno Fagundes é Billy, o filho surdo, epicentro de toda a ação. A mãe, Beth (Eliete Cigaarini), os irmãos Daniel (Guilherme Magon) e Ruth (Maíra Dvorek) patinam em suas ações, pois dependem do que o pai-patriarca diz.
“Tribos” aborda a surdez universal e divide o tema em duas categorias:
1) daqueles que não conseguem “calar-se” por tempo suficiente para entender uma realidade diferente da sua própria;
2) daqueles que realmente são fisicamente incapazes de receber estímulos sonoros. E propõe a questão: qual delas é a mais grave? “O mundo é surdo, somos apenas mais um na multidão”, diz Billy. Afinal, existe pior “surdez” que o preconceito e a intolerância, que a ignorância e o orgulho, que o egoísmo e a falta de amor?”
De uma forma pretensamente paternalista, tribal, quase que primitiva, Christopher, com o nome cristão para um judeu, é a própria contradição: não consegue discutir nem admitir defeito algum. Só quer ver a igualdade, a possibilidade de manipulação como consegue com os personagens dos romances que escreve. porém sua tribo não é única. A uniformização se desmonta nas buscas individuais. A programação visual, o figurino e a música trazem a contemporaneidade: só existe vida, quando há diferença;
Serviço: Sesc Ginástico
Temporada: de 02 de julho a 26 de julho de 2015;
Sessões extras:
Sábado, dia 18 de julho – 17h;
Sábado, dia 25 de julho – 17h;
Domingo, dia 26 de julho – 16h