Saiu no jornal “New York Times” que, nessa quinta-feira (04/06), o conselho consultivo do FDA (Food and Drug Administration), órgão que regula os medicamentos nos EUA, deu parecer favorável a uma droga para aumentar a libido em mulheres, que seria o equivalente feminino do Viagra. Embora a droga, flibanserin, ainda não esteja legalizada, é grande a expectativa no mundo inteiro por sua fabricação. Perguntamos ao ginecologista e obstetra Carlos Lowndes Dale a sua opinião. Ele integra a Clínica Dale, no RioSul, uma das primeiras no país a tratar de casais com problemas de fertilidade.
Quais as expectativas médicas em relação a essa nova droga (flibanserin)? “É um anúncio muito recente, ainda não existe literatura médica a respeito, nem começou a ser comercializada nos EUA e até chegar ao mercado brasileiro vai levar um longo tempo. Prefiro prescrever cremes transdérmicos à base de testosterona, que têm funcionado muito bem com minhas pacientes, mulheres na menopausa ou com mais de 40 anos, que estão passando por perda de apetite sexual. Diferente do Viagra, no entanto, o efeito não é imediato, esses cremes requerem um uso prolongado e contínuo. Na Europa, já existem nas farmácias mas, aqui, eles são manipulados mediante receita”.
Mas a testosterona não tem efeitos colaterais de masculinização? E quem toma antidepressivos, está mais sujeita à perda do desejo? O que pode ser feito para diminuir esses efeitos colaterais? A concentração de hormônio masculinos é muito baixa nesses cremes, que também não devem ser usados além de um período de seis meses. Sobre os antidepressivos, todos os que seguem a fisiologia do Prozac, os mais modernos, tendem a promover um ganho de peso no paciente e uma baixa no desejo sexual, mas isso vale tanto para homens quanto mulheres. Tem paciente que se vale da fitoterapia, tomando Androsten, que é um medicamento à base da erva Tribulus Terrestris, mas seu efeito é a longo prazo. Exercícios físicos também ajudam, mas, para mim, eles são obrigação para qualquer um. Digo também que o que influencia muito o desejo é a cabeça, no sentido de a mulher estar realmente a fim de ter uma relação.
Quais são as mulheres que mais se queixam de pouca libido? Geralmente são as que estão num relacionamento mais antigo, de muitos anos. Num relacionamento novo, tudo é festa. Mas as cariocas estão se mantendo ativas sexualmente até os 70 anos. Com a popularização do Viagra, elas passaram a ser muito solicitadas pelos parceiros da mesma faixa etária.