Miguel Paiva é talentoso em várias áreas – é cartunista, autor de teatro, diretor de arte, escritor, publicitário, roteirista de cinema – e agora abre sua primeira exposição como artista plástico, a mostra “Geometria radical, do desenho ao desejo”, terça-feira (19/05), às 19h, na Galeria Scenarium. O criador da Radical Chic, que já tem 33 anos, acredita que a personagem continua sendo admirada pelo seu espírito irreverente e despudorado – segundo ele, o lado positivo do ser carioca. Outro personagem seu, o Gatão de Meia Idade, vai em breve ganhar vida no teatro, com texto de sua autoria. Aliás, Miguel foi um precursor dos musicais no teatro carioca, tendo escrito alguns em parceria com o compositor Zé Rodrix: “Acho que meu papel com o Zé foi o de lançar o gênero quando todos olhavam atravessado para ele”, diz. Ele é casado com Ângela Vieira há nove anos, quando oficializou um relacionamento de quatro anos com a atriz.
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Miguel, sua estreia como pintor revela uma atividade recente ou é um talento que você manteve escondido nesses mais de 40 anos como cartunista e artista gráfico?
“É um desejo antigo, mas só tive coragem de enfrentar agora. Pintar não é totalmente desconhecido pra mim. Antes do advento da informática trabalhávamos com papel, tinta, aquarela, pincel e tudo o mais. Depoi , quase todos nós, cartunistas, deixamos de lado esse material e assumimos o computador. Pintar, agora, é também uma forma de resgatar essa relação”.
O homem brasileiro, em geral, não é de valorizar muito a mulher de mais idade. Qual a sua opinião a respeito?
“Que ótimo. Assim sobra para os homens mais inteligentes. A maioria vê na conquista da mulher mais jovem uma suposta confirmação da sua juventude ou virilidade. Ledo engano. Os homens mais velhos nas relações são os mais traídos”.
O que é mais complicado de lidar num relacionamento amoroso de longa duração? E o mais prazeroso?
“O mais complicado deve ser justamente a intimidade que se adquire com os anos. Nos sentimos, às vezes, no direito de interferir, dar palpite e até mesmo decidir pelo outro. Isso não é bom. É preciso sempre tentar manter esse respeito à individualidade de ambos. O mais prazeroso também é a intimidade, mas aí pelo lado bom, da certeza do amor, do tesão e da parceria. Isso é que precisa ser alimentado”.