Marcello Dantas, curador conhecido por várias exposições importantes pelo país – entre as quais a de Anish Kapoor, “Lusa, a matriz portuguesa”, “Bossa Nova”, “Laurie Anderson” e “Ouro, um fio que costura a arte do Brasil”, além de ter sido o diretor artístico na criação do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo – teve uma má notícia nesse fim de semana.
Ele soube que a exposição “Palácio da Liberdade: Memórias e Histórias”, que levou dois anos para produzir e foi aberta em 2013, em Belo Horizonte, está sendo sumariamente desmontada. Ocupando os 30 cômodos do Palácio da Liberdade, a exposição permitia que os visitantes conhecessem fatos da sede histórica do governo de Minas e da trajetória de 16 ex-governadores. “Foi a primeira vez que o palácio foi aberto à visitação pública”, conta Marcello, que vê no gesto uma intenção política do PT de interromper uma conquista que não pertence à sua gestão. “E nem há menção a Aécio Neves, a mostra termina em Itamar Franco, só há mortos”, diz Dantas.
Bancada pelo Sesi, Serviço Social da Indústria, a exposição unia tecnologia sem impactar no mobiliário nem no casarão. Em telas colocadas em cristaleiras, em porta-retratos e em quadros passavam vídeos não só sobre políticos, mas também sobre personalidades mineiras. “Se o problema era só de conteúdo, bastava desligarem a tomada”, reclama o curador, que diz ter usado de precisão cirúrgica para preservar o patrimônio. “Uma vergonha e tanto para um governante fechar o acesso do público ao mais antigo e principal ícone da capital mineira”, desabafou. “Do jeito que as coisas vão, é bem capaz de tirarem o nome de Tancredo Neves da Cidade Administrativa”, aposta.
Aqui segue um vídeo explicativo de como funcionava a exposição.