Eduardo Paes, prefeito reeleito do Rio, é o primeiro, desde a gestão Marcos Tamoyo, há 30 anos, que gosta de carnaval. Aliás, gostar é pouco: ele é apaixonado pela folia. Ao contrário de outros, que se escondiam nessa época ou iam até para o exterior, Paes está sempre percorrendo a Sapucaí de um lado a outro e, às vezes, até tocando algum instrumento na concentração ou mesmo na bateria das escolas. É declaradamente apaixonado pela Portela, a vida toda.
Nascido no Jardim Botânico e com juventude passada em São Conrado, o prefeito curte, também, as feijoadas carnavalescas, na Zona Sul ou Zona Norte. É um dos poucos políticos que se metem no meio do povo fora do período eleitoral.
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O que o próximo carnaval, o dos 450 anos do Rio, vai ser diferente dos outros? E qual o seu maior sonho como folião?
“O carnaval é o momento em que a nossa cidade transborda alegria, é a festa que melhor traduz a carioquice – esse jeito irreverente, espontâneo e único do povo do Rio que é, certamente, o nosso maior patrimônio há 450 anos. Num ano de celebração como 2015, algumas escolas, como a minha Portela, escolheram o Rio como enredo e vão levar para a avenida um pouco desses quatro séculos e meio de história. Mas o melhor de 2015 é que teremos uma espécie de carnaval estendido, que não se encerra com o reinado do Momo. Se, normalmente, a folia termina no Sábado das Campeãs, este ano tem festa até o fim de semana seguinte, quando comemoramos os 450 anos do Rio no domingo, 1º de março. No sábado, dia 28, a Quinta da Boa Vista será palco de um show em homenagem à nossa cidade com músicas e artistas que são a cara do Rio. Cariocas de origem ou de coração, como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Ben Jor, Erasmo Carlos, Caetano Veloso e Gilberto Gil. No repertório, as melodias que têm cantado em verso e prosa as nossas belezas e a nossa gente. No dia seguinte, o dia do aniversário propriamente dito, inauguramos um túnel novo no Porto, o novo palácio da prefeitura em Oswaldo Cruz, temos cerimônias oficiais e missas e, claro, mais festa com shows no Parque Madureira e na Praça das Juras, em Bangu.
Quanto ao meu sonho de folião, um dos dias mais felizes do ano, para mim, é sempre quando, na sexta-feira de carnaval, eu entrego a chave da cidade ao Rei Momo e, juntos, decretamos o início da folia no Rio. Mas todo mundo sabe que sou portelense e nada me faria mais feliz do que ver a minha escola de Oswaldo Cruz voltar a ser campeã”.
No que a falta de água que ameaça o Rio pode afetar o brilho da festa?
“Tenho certeza de que o nosso governador Pezão e a Cedae estão tomando todas as providências para que não haja desabastecimento e o Rio possa enfrentar da melhor maneira a crise hídrica que atinge todo o Sudeste. Com a baixa nos reservatórios imposta pela seca prolongada, os cariocas – e os brasileiros,em geral – têm que começar a rever hábitos e comportamentos para combater o desperdício, criar uma nova cultura na hora de lidar com os recursos naturais. Como presidente da C40, a rede das maiores cidades do mundo na luta contra as mudanças climáticas, sou testemunha de que os efeitos do aquecimento global e o desenvolvimento de políticas sustentáveis são hoje a principal agenda dos governantes em todo planeta.
O que o sr. gostaria de deixar como marca de sua gestão, como prefeito de uma cidade com quatro séculos e meio?
“O Rio completa seus 450 anos num momento de transformação. A cidade que, depois de deixar de ser capital federal, passou anos numa crise de identidade lamentando o passado, finalmente olha para frente, redescobre-se, reinventa-se. Estamos recuperando o subúrbio e a Zona Norte, melhorando a infraestrutura e a autoestima de uma região abandonada e onde foi cunhada a nossa identidade. Estamos revitalizando o Centro e a Região Portuária, onde a cidade nasceu, onde a nossa história começou. O Porto, aquele pedaço esquecido do Rio, onde muito antes do Cristo Redentor era quem abria os braços para receber os nossos primeiros visitantes, volta a viver dias de glória. Estamos investindo na Zona Oeste, levando serviços públicos e transporte de qualidade. Olhamos com mais carinho para as áreas mais pobres e necessitadas, mas cuidamos também da Zona Sul, que encanta cariocas e turistas com seu charme e beleza. O meu objetivo é que, nos 450 anos, cariocas de todas as partes – e não apenas quem mora perto da praia – tenham orgulho da nossa cidade, percebam melhorias efetivas na sua qualidade de vida. Os problemas ainda são muitos, mas temos trabalhado muito para que, ao fim do governo, a cidade fique muito melhor do que oito anos antes. Um Rio mais justo e integrado é o que eu desejo.