Na dúvida se as correntezas que chegam às praias cariocas vão trazer mais caravelas e águas-vivas – uma menina de um ano sofreu uma queimadura grave, quinta-feira (22/01), na praia do Leblon – é bom entrar no mar sabendo como agir se esbarrar, literalmente, com um desses animais. Se você é daqueles prevenidíssimos, o ideal é levar um kit com vinagre, pinça, aparelho de gilete, luva, compressas e espuma de barbear. Consultamos o biólogo marinho Marcelo Szpilman, presidente do futuro aquário marinho da cidade, o AquaRio, que explicou o que é melhor fazer.
1) Em primeiro lugar, ao sentir a queimadura, a vítima deve sair da água o mais rápido possível, até para evitar o risco de afogamento e as consequências de um choque, mas sem tentar remover com as próprias mãos os tentáculos aderidos.
2) Já na areia, lavar o local com água salgada. Jamais usar água-doce, a dos chuveirinhos da praia, pois ela pode estimular quimicamente (por osmose) os nematocistos (tentáculos) que ainda não descarregaram sua peçonha.
3) Não tentar remover os tentáculos que aderiram na pele esfregando areia ou toalha.
4) Molhar a região com vinagre por cerca de 10 minutos. Tirar os resíduos da caravela com uma pinça, com a mão protegida por luva.
5) Para retirar os fragmentos menores e invisíveis tricotomize (raspe) o local com um barbeador ou com uma lâmina afiada. Um pouco de espuma de barbear em spray ajuda nesse momento, mas é bom lembrar: não esfregue a região.
6) Lavar a pele, pela segunda vez, com água do mar e reaplicar o vinagre por mais 30 minutos.
7) Em caso de dores fortes e reações inflamatórias, é recomendável tomar analgésicos ou antiinflamatórios.
8) Aplicações de bolsas de gelo estão liberadas para também diminuir a dor da queimadura.
9) Não usar nunca perfumes, loções pós-barba ou mesmo bebidas alcoólicas sobre a pele atingida.
10) Não mexer em águas-vivas e caravelas mesmo depois de mortas. O sistema de descarga de peçonha desses animais é ativado por reações involuntárias do animal , como os estímulos físicos (pressão ou esfregação) ou químicos (osmose provocada pela água doce).
Se não tiver nenhum desses recursos à mão, ou se achou os conselhos acima inviáveis, o melhor é levar a vítima para um hospital. Mas, ainda segundo Marcelo Szpilman, nossos mares não possuem os animais desse tipo com peçonha mais forte, como as vespas do mar. O resto é mergulhar sempre prestando atenção na água que está próxima.