Falou em Caymmi todo mundo pensa no melhor da MPB. Neta de Dorival Caymmi, sobrinha de Nana e Dori, filha de Danilo e Simone. Por muito tempo a herança musical da família pesou sobre a jovem Alice Caymmi. Ali pelos 15 anos, deixou o pai, Danilo, assustado com sua aproximação com o rock – uma ameaça para os cânones da tradicional MPB. Hoje, ele é fã da carreira da filha.
Em 2012, o primeiro CD de Alice, ainda morena e com 22 anos, era musicalmente comportado. Com ‘Rainha dos Raios”, que saiu pela gravadora Joia Moderna, do DJ Zé Pedro, e tem produção do músico Diogo Strauz, Alice começou a se descobrir, colocando sua voz forte a favor da irreverência e da quebra de rótulos. Foi considerada “Cantora Revelação de 2014” pelo Prêmio Multishow e elogiada pelo próprio meio musical.
Convidada pelo criador da São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, para cantar a música “Homem”, de Caetano Veloso – numa versão com gritos de orgasmo ao fundo, pré-gravados – durante o desfile de inverno da grife Llas, ano passado, Alice não se separou dele desde então – até porque ela é louca por moda. Foi Paulo quem assinou a direção do seu show em dezembro, no Teatro Itália, em São Paulo. O show chamou a atenção pelo tom performático, com figurinos exóticos, da dupla Walério Araújo e João Pimenta, e videocenários de Richard Luz.
Paulo está tão encantado com a cantora e compositora que também se ocupou da direção do DVD do espetáculo, que deverá ser lançado em abril. A música brasileira contemporânea já pode dizer que conta com uma artista com forte presença de palco – ela não tenta imitar o estilo das popstars, mas assimila centenas de influências e transforma tudo no melhor da música. E aí vem a turnê nacional da alegre, divertida e autêntica Alice e seu show, cheio de eletricidade.
UMA LOUCURA: “Atualmente, viver o amor sem medo pode até ser uma loucura. As pessoas não se dão mais ao direito de viver o amor, ninguém quer dar conta do sentimento de alguém”.
UMA ROUBADA: “Dar opinião no Facebook! Não dou. Com o tamanho que eu estou ganhando, quando se tem uma visibilidade você acaba sendo calado pela possibilidade de criar uma comoção – estou falando em relação à arte. Não comento, mas meio que reclamando por dentro! Na Internet tem muita gente idiota.”
UMA IDEIA FIXA: “Tenho ideia fixa nas cores e formas, roupas, quadros, pinturas e desenhos, enfim. Toda a plasticidade que envolve a vida em geral”.
UM PORRE: “O que eu acho um porre? Gente paranóica é bem chato. Um porre de bebida? Vinho (hahaha)”.
UMA FRUSTRAÇÃO: “Não ter me dedicado à dança. Interrompi esse projeto, não sei muito bem o porquê”.
UM APAGÃO: “Com letras grandes de músicas complexas. Falam tanta coisa que me confunde. Gosto de letra curta e direta”.
UMA SÍNDROME: “Tenho pânico de multidão. Quando eu tô em cima do palco não tenho medo. Numa situação imposta, não gosto porque não me preparei. Metrô lotado, por exemplo, é muito difícil.”
UM MEDO: “Mais grave do que a própria morte é medo de ter vontade de morrer.”
UM DEFEITO: “Meu defeito é falar demais. Falo muito, sou tagarela mesmo. Falo de mim, não dos outros. Desses, só quando me pedem opinião (rs).”
UM DESPRAZER: “Os haters, aquelas pessoas que ficam despejando uma raiva mesquinha, crueldade na Internet, daquilo que não falariam na cara. É terrível. Em relação a mim podem falar, não tô nem aí.”
UM INSUCESSO: “Uma música que não consegui produzir até o fim. Existe essa música, tô tentando dar um jeito”.
UM IMPULSO: “Adoro rir alto, os tristes ficam incomodados.”
UMA PARANOIA: “Tenho paranoia de gente paranóica paranoiando comigo (hahahaha)”. Nota da redação: A essa altura, Alice está morrendo de rir.