Pensa-se primeiro na famosa canção, em um lugar. Mas nada disso. O que se vê é uma história fascinante, onde tudo deveria ser em aumentativo. “Lapinha”, com texto de João Batista, direção de Edio Nunes e Vilma Melo e letras, músicas, arranjos e direção musical de Wladimir Pinheiro, conta a saga de uma cantora negra brasileira, Maria da Lapa, no final do século XVIII.
Isabel Fillardis é Lapinha e Zezeh Barbosa, sua mãe, que, no jogo dramático, personifica a figura do duplo para apurar ainda mais as dificuldades de a personagem principal se estabelecer por ser negra, mulher e talentosa em uma época que negras chegavam, no máximo, a ama de leite.
“Lapinha tinha uma paixão muito grande pela arte. Mergulhamos nessa história do final do século XVIII para resgatar a delicadeza e a força de uma mulher que o Brasil não conhece. Era uma cantora negra de talento único, que viveu no período colonial brasileiro. E se consagrou no Rio de Janeiro e Portugal, onde morou durante 14 anos”, comentam os diretores Edio Nunes e Vilma Melo.
É inventiva, também, a forma encontrada pelo autor de fazer a narração a partir da curiosidade de artistas ao se depararem, hoje, com um retrato em museu. Assim, vai se desdobrando a história de Lapinha, com fatos que começam na sua infância e seguem até o seu enorme triunfo em Portugal, seus amores, seus dissabores. E que nem o sucesso e nem o seu talento, como ainda vemos nos dias atuais, consegue vencer a maldade impiedosa do preconceito.
Serviço:
Teatro Clara Nunes
Quarta às 21h
Quinta e sexta às 18h30
E tem melhor do que debater sobre o Bardo?
Antes da última sessão de Timon de Atenas, domingo (07/12), às 16h30, mesa de debate com participação de Vera Holtz, Tonico Pereira, Alice Borges e Bruce Gomlevsky (diretor).
A peça é Shakespeare na veia. Um texto brilhante e avassalador sobre a relação entre cobiça, interesse e abandono.
Teatro Maison de France