Nos EUA para um tratamento de saúde, o sociólogo Glaucio Soares, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, acompanha as eleições presidenciais brasileiras e não deixa de fazer seus comentários – as comparações entre as duas realidades são inevitáveis. Glaucio observa: “Enquanto o Estado da Califórnia, com uma seca menos séria do que a que assola partes do Brasil, implementa o necessário racionamento, no Brasil esperamos as eleições para implementar medidas impopulares”.
Na Califórnia, desde julho, está estabelecido um consumo de 50 galões americanos – em torno de 189,27 litros – diários por pessoa. A ONU calcula que acima de 110 litros de água por dia, por pessoa, já é desperdício. No Brasil, consome-se, por cidadão, mais de 200 litros de água diariamente. É pouco mais do que os californianos estão tendo, agora, permissão, mas pelo menos por lá já há um controle.
Segundo ainda o pesquisador, “bilionários têm esse limite, favelados, também; se for ultrapassado, a multa é de US$ 500. Há restrições esperadas, como a proibição de esvaziar e encher piscinas, usar água para limpar a calçada, a entrada da garagem e da casa, a obrigação de usar bicas e mangueiras que fecham automaticamente após pouco tempo, proibição de molhar as plantas e as plantações em dias consecutivos etc. Como o desperdício é menor, calculam que reduzirão o consumo em 20%”.
Glaucio continua se perguntando: “O que acontecerá no Brasil? Uma possibilidade é que as medidas, necessárias e impopulares, serão adotadas pouco tempo depois das eleições. Há, infelizmente, a possibilidade de que o problema não seja enfrentado com competência e que a conjunção da irresponsabilidade política e a incompetência administrativa impeça que medidas racionais sejam tomadas. Nesse caso, as bicas, simplesmente, secarão”.
Enquanto isso, no quarto debate na TV entre os candidatos à presidência, este domingo (28/09), na Record, nenhuma proposta concreta foi levantada a respeito do racionamento de água – os bicos ficaram calados.