Pode não ter sido uma das melhores edições das quatro da ArtRio até agora, em termos de volume de vendas, mas, a feira de arte já conquistou seu lugar como programa carioca. Nesse domingo, último dia, apesar do tempo ensolarado, convidativo para a praia, centenas de visitantes foram até lá ajudando o evento a atingir a cifra de 51.200 pessoas recebidas, nem todas profundas conhecedoras de arte, mas, certamente, entusiastas da apreciação estética. O transporte através de vans funcionou à perfeição: era só chegar à Cinelândia e entrar, sem nenhuma espera, nos mini ônibus gratuitos.
No estande da White Cube, um dos mais visitados no último dia, o público se divertia em descobrir qual teria sido a inspiração de Damien Hirst ao construir um enorme painel metálico que o artista chamou de “Rio”. O que intrigava quem admirava a obra era saber se era o Estádio João Havelange o retratado, o popular Engenhão, ou o Maracanã. Vendida por R$ 3,36 milhões, a obra, da série Cidades, segundo informação da galeria, retrata uma vista aérea do entorno do Engenhão.
No mesmo estande, atraía muita atenção uma obra dos irmãos Jake e Dinos Chapman chamada “Altered Towers“. Dentro de uma redoma de vidro, estava representada uma cena de guerra numa floresta em miniatura, com corpo amontoados, soldados e caveirinhas, tudo minúsculo, em fibra de vidro e plástico.
Outro local bastante procurado pelos visitantes em busca de selfies foram os painéis de Athos Bulcão no espaço da IDA, a feira de design que teve sua primeira edição dentro da ArtRio. O único senão foi a falta de climatização do ambiente onde o mobiliário autoral nacional teve destaque. Lá, só ventiladores minimizavam o calor.
Além dos neo-concretistas – Lygia Clark, Hélio Oiticica, Aloísio Carvão etc – quem continuou dando as cartas na preferência dos colecionadores foram os artistas cinéticos, como Carlos Cruz-Diez, Jesus Rafael Soto, Abraham Palatnik, Alexander Calder e Julien Le Park.
Cenas com crianças e famílias eram comuns. Uma garotinha de vestidinho cor de rosa foi fotografada em frente à escultura de Yayoi Kusama toda cheia de bolinhas, em rosa e branco. Uma avó se dirigiu à netinha que admirava um móbile de Calder e soltou essa: “Viu isso? Igual ao que a vovó tem lá em casa!”
E se não fosse por todos os méritos que teve, essa edição da ArtRio já teria valido pelo leilão em benefício do Pro Criança Cardíaca, ocorrido na última quarta-feira (10/09), no MAM. A doutora Rosa Célia vai receber cerca de R$ 4 milhões com as obras leiloadas, das quais só a tela “Ming Song”, de Adriana Varejão, atingiu R$ 1 milhão.