Três dias separam dois atos que simbolizam o sincretismo religioso dos cariocas: as homenagens a Iemanjá e a bênção dos Capuchinhos. Depois das oferendas para a deusa das águas na virada do ano, milhares de pessoas são esperadas nesta sexta-feira (03/01) na Paróquia de São Sebastião, na Tijuca, para o antigo ritual da Igreja Católica. O que há de mais bonito nisso? É ter certeza de que a fé une a todos, sem distinção, e que temos total liberdade para manifestá-la como e onde quisermos.
A exemplo dos anos anteriores, as missas vão começar bem cedo, às 6 da manhã. Nos intervalos, a cada meia hora, acontece o momento mais esperado por aqueles que buscam proteção para o ano que está começando: a bênção dada pelos freis capuchinhos, num gesto que se repete há mais de 150 anos. Ao meio-dia, chova ou faça sol (e a previsão indica mais um daqueles dias tórridos, à beira dos 40 graus), tem procissão com a imagem do santo padroeiro dos cariocas.
Muitos do que irão à igreja onde se encontram sepultados os restos de Estácio de Sá, fundador da cidade, também estiveram nas praias no fim do ano. Orixás e santos se misturam e nisso não há confusão alguma; a relação vem do período colonial, quando os escravos, para evitarem a perseguição portuguesa, fizeram “equivalências” entre as entidades. Bonitos de se ver, os dois rituais – Iemanjá e Capuchinhos – são um antídoto contra o preconceito. Por que não?