Na primeira metade do século passado, a curiosa construção octogonal, verde e com detalhes em bronze, foi testemunha da revolução do urbanismo e dos costumes na Praça XV. É um ícone carioca: com sua fachada tombada, o Albamar chega aos 80 anos resistindo a novas e drásticas mudanças na região.
São muitas histórias – e boa parte contada por aquele que todos dizem ser o “garçom mais fofo” da cidade. José de Sousa Novoa, o Pepe, começou a trabalhar no restaurante há 50 anos. “É uma vida”, diz. E lembra: “Quando eu entrei, o Albamar era uma cooperativa de garçons. O Mercado Municipal tinha acabado de ser desapropriado”.
É isso mesmo. Um dos marcos da revitalização da cidade, a obra do arquiteto francês Grandjean de Montigny foi inaugurada em 1908 pelo então Prefeito Pereira Passos, como mercado para abrigar o comércio de alimentos, especialmente os peixes. Em 12 de novembro de 1933, o empresário Rodolfo Souza Dantas inaugurou o Albamar, ocupando uma das quatro torres da construção. As outras três foram demolidas quase 30 anos depois.
De lá pra cá, o restaurante experimentou um vai-e-vem de profissionais e administradores, sem perder a fama de referência gastronômica para os cariocas. Há quatro anos, veio a maior intervenção: o salão foi totalmente reformado e a cozinha ganhou equipamentos de última geração, além de um novo chef, Luiz Incao, que, agora, apresenta cardápio especial para comemorar a data, com a releitura de pratos que marcaram época. E lá vai o Albamar, como um cartão postal que desafia o tempo.