Treze anos de carreira, quase 30 filmes e novelas, e um número ainda maior de peças de teatro. Bárbara Paz é uma atriz de talento comprovado e, apesar da longa estrada, é agora que vem recebendo o maior reconhecimento por parte do público e da crítica. E não apenas pela apaixonada e vingativa Edith, que tirou a máscara de Félix em “Amor à Vida”. A atuação em “Vênus em Visom”, em cartaz no Teatro Leblon, tem recebido aplausos sinceros. Na peça, dirigida por Hector Babenco, com quem é casada há três anos, Barbara é Wanda, uma atriz que, em busca de um papel, seduz o diretor da ficção (Pierre Baitellier, único parceiro de cena), até porque diretor por diretor, ela já tem o dela na vida real, e muito feliz com ele.
Edith e Wanda são mulheres intensas, e Bárbara empresta às duas um pouco de sua personalidade forte. Gaúcha, desde cedo fez o seu caminho sozinha; perdeu os pais prematuramente e, aos 17 anos, meses depois da morte da mãe, sofreu o grave acidente de carro que lhe deixou cicatrizes no rosto. Empenhada, nunca pensou em desistir, e seu esforçou pela superação foi recompensado: em 2003, ganhou seu primeiro prêmio, no 31º Festival de Gramado – melhor atriz, pelo curta-metragem “Produto Descartável”. Nem parece, mas essa bela e autêntica (qualidade que pouco se vê por aí, não é?) se diz insegura. Essa é uma das revelações na entrevista ao ‘saite’.
UMA ROUBADA: “Roubada foi a primeira vez que fui a Paraty: demorei 9 horas pra chegar. Saí de São Paulo para a FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) para assistir a uma palestra às 17h do Guilhermo Arriaga. Acabei chegando muito depois. Fui pela estrada de terra, atolei o jipe. Tudo de errado aconteceu, e eu não conseguia chegar à cidade. Não tinha reservado pousada nem hotel. Cheguei quase 10 da noite sem gasolina, toda cheia de barro e à procura de um pouso com a cidade cheia! No fim, deu tudo certo, e o final de semana foi lindo.”
UMA IDEIA FIXA: “Falar fluentemente inglês e francês e publicar meu livro. Tenho ideia fixa em ser melhor. Aprender mais. Querer saber tudo o que está acontecendo no mundo e na cabeça de cada um.”
UM PORRE: “Quando eu tinha 9 anos e virei, sem saber o que era, um copo enorme de caipirinha de cachaça no batizado do meu sobrinho.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Não ter lido mais. Não ter estudado o suficiente. Sempre acho que deveria saber mais.”
UM APAGÃO: “Meu acidente. (A atriz sofreu um acidente de carro em 1991, indo de São Paulo para o Sul – seu rosto foi muito atingido – nem dá pra perceber!). Quero que seja um apagão de coisas passadas em minha vida e o recomeço de uma nova jornada. Foi preciso apagar para acender.”
UMA SÍNDROME: “Tenho a síndrome de querer ser perfeita. Acho que nunca estou perfeita. Acho que nunca estou bonita, quero me arrumar mais.”
UM MEDO: “O medo de ficar sozinha. Não quero. Não gosto. Gosto de me relacionar, de estar casada, de ter gente por perto para sorrir e contar histórias para mim.”
UM DEFEITO: “Defeito é a insegurança, sou muito insegura, e isso gera ciúmes e outras fraquezas que não são bem-vindas…”
UM DESPRAZER: “Desprazer é ficar na inércia, sem fazer nada.”
UM INSUCESSO: “Insucesso foi ter que passar correndo pela infância e adolescência em busca da sobrevivência. Talvez devesse ter sido mais criança.”
UM IMPULSO: “O impulso de escrever. Escrevo poesias, inquietações… e-mails enormes para pessoas que amo. Desabafo pela escrita.”
UMA PARANOIA: “Minha paranoia é acabar a vida sem saber tudo. Não quero envelhecer sem me sentir segura, madura, culta, inteligente, perspicaz e mãe!”