Usado pela Policia Militar do Rio para reprimir manifestantes, o gás lacrimogêneo provoca irritação nos olhos, na pele e nas vias respiratórias, podendo também causar dor de cabeça, náuseas, vômito, desorientação e pânico. É considerado uma arma de efeito moral e, em condições “normais”, já apresenta nocividade. O que dizer se for aplicado fora – muito fora – de seu prazo de validade?
Repare nas fotos acima: a cápsula de gás lacrimogêneo deflagrada foi encontrada por leitores do ‘saite’ na Rua Araújo Porto Alegre, no Centro do Rio, na noite dessa quarta-feira (02/10) – menos de 24 horas depois do violento confronto entre policiais militares e professores, que começou bem ali, na Cinelândia, e se espalhou pelos arredores. Os detalhes das fotos são muito claros; uma advertência diz: “oferece perigo se usada após expirado o prazo de validade”. E o mais impressionante: fabricado em “04/2004”, só poderia ser utilizado até “04/2007”.
A cápsula, que estava vencida há seis anos, ainda exalava um cheiro forte de pólvora. Em nota, a Coordenadoria de Comunicação Social da PM-RJ respondeu que “a Polícia Militar adquiriu, nos últimos meses, novo lote de armamento não letal. Portanto, não existe a possibilidade da tropa utilizar material com prazo de validade vencido”. A nota, entretanto, não informa a quem a bomba poderia pertencer, apesar de o fabricante (Condor) ser fornecedor da PM.
Fica um alerta dos médicos: em qualquer situação em que haja contato com o gás lacrimogêneo, o melhor a fazer é correr contra o vento, de braços abertos, para que o pó saia da pele e das roupas. E jamais lavar-se enquanto os sintomas estiverem presentes, já que a água pode agravar os efeitos do gás.