Quando se pensa em mulheres bonitas e classudas da TV, certamente vem à cabeça Sylvia Bandeira, não por outra razão, sempre convocada a interpretar personagens mais ricas e requintadas. A atriz acaba de lançar um livro de memórias, “Mamãe costura e esta noite vou te ver” (Ed. Apicuri), onde conta sua própria história, escrita por ela, que já cursou uma oficina literária. A propósito: Sylvia, que é sobrinha-neta de Manuel Bandeira, revela que passou 30 anos escrevendo o livro. Certamente queria, mas não queria, gostaria, mas não gostaria, e, nesse vai não vai, mostrou os textos ao escritor Luiz Ruffato. Aí sim, com os elogios firmes que recebeu, tomou coragem.
As lembranças, ali retratadas, vão da infância (ela nasceu em Genebra, na Suíça), morou em Chicago, Paris, Santiago etc., como acontece com qualquer filha de diplomata. A vida em geral vai bem: Sylvia, que teve três casamentos importantes e três filhos mais importantes ainda, está viajando pela Europa, mas volta logo, pra pensar novamente na reestreia da peça “Marlene Dietrich, as pernas do século”, elogiada por Bárbara Heliodora, grande sucesso em 2010. Veja suas respostas na “Invertida”:
UMA ROUBADA: “O dia em que resolvi conhecer o Saara (comércio popular no Rio) na véspera do Natal! Multidões para todo lado, e eu, com aquela sensação de claustrofobia, escuto uma mulher comentar com o marido: ‘Afasta as pessoas, que vou passar mal’. Comentário tão fora de propósito naquela situação que meu mal-estar passou na hora!”
UMA IDEIA FIXA: “Ideia fixa no livro que finalmente lancei! Levei mais de 30 anos para chegar ao fim.”
UM PORRE: “Os porres ficaram no passado; bom mesmo é, eventualmente, curtir um bom vinho. Agora, porre mesmo é perguntar como uma pessoa está e ela responder com detalhes seu estado péssimo de saúde.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Não ser uma exímia amazona”.
UM APAGÃO: “Já tive vários apagões no teatro, mas aprendi a improvisar e falo qualquer coisa quando esqueço uma parte do texto.”
UMA SÍNDROME: “Detesto a atual nomenclatura que reduz as angústias da alma a uma ‘síndrome do pânico’.”
UM MEDO: “Tenho medo do escuro, do desconhecido.”
UM DEFEITO: “Só um? São tantos! Por exemplo, provar um ponto de vista até enlouquecer o outro.”
UM DESPRAZER: “Desprazer é fazer programas-cilada com pessoas chatas e mal-educadas.”
UM INSUCESSO: “No meio de momentos de sucesso, já vivi na minha profissão alguns insucessos que fazem parte do métier.”
UM IMPULSO: “O problema, no meu caso, é controlar os impulsos. Sou bastante impulsiva, como no dia em que liguei para convidar um crítico de teatro para uma estreia, e a pessoa que atendeu disse que ele havia morrido. Respondi sem pensar: “Fica pra próxima.”
UMA PARANOIA: “A preocupação eterna com os filhos.”