A Feira Literária Internacional de Paraty acabou nesse domingo (07/07), deixando muita gente praticamente de luto. Entre as mesas mais aplaudidas, elogiadas ou ambas as coisas, durante todo o evento, estavam a de Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli (essa era uma mesa diferente, onde ambas recitaram poemas); a de Francisco Bosco com a franco-iraniana Lila Azam Zanganeh (seus 500 exemplares foram esgotados), mediação de Cassiano Elek Machado; a de Daniel Galera com o francês Jérôme Ferrari; mediada pela jornalista Noemi Jaffe, a única mulher a fazer mediação; de Eduardo Coutinho entrevistado por Eduardo Escorel e tantas outras, cada uma melhor que a outra.
Depois das palestras, os autores passavam à próxima sala para autografar. Dali, quem saiu com cara de decepção, digamos assim, talvez pelo número restrito de leitores, foram John Banville e Lydia Davis, não se sabe se não tocaram o coração das pessoas ou não as tenham divertido como Eduardo Coutinho, o que não significa que as palestras não tenham sido boas, principalmente para quem ama literatura.
As ausências (como sempre acontece de última fora) foram muito bem preenchidas, como com o debate “O povo e o poder no Brasil” -, com o economista André Lara Resende (em pesquisa informal, a voz mais bonita da Flip) e o filósofo Marcos Nobre. Se ninguém soubesse que A, B ou C não vieram, passaria imperceptível, a começar pelo semblante sereno do curador Miguel Conde: nada mexe com o seu equilíbrio interior. O que talvez precise de uma maior divulgação são as palestras paralelas como a de Guilherme Fiuza, muitos nem sabiam…
Por último, aqui vai uma dica: muito melhor alugar casa, algumas lindas, como fizeram, por exemplo, Cristiana e Gustavo Franco (que receberam pequeno grupo para jantar no fim de semana) ou Rose Klabin, Ana Paula Rocha, Adriana Rattes, Celina Solberg, Luiza Figueira de Mello, que também alugaram casa com cozinheira e outros funcionários. Muito melhor do que passar uma vida esperando nos restaurantes caríssimos (comparados com o mesmo que custam os melhores de São Paulo, Rio ou Paris); um salgadinho pode sair por R$ 12 reais (valor mais alto do que na Chez Anne, loja carioca que mais cobra por um croquetinho na cidade); tão caros quanto as pousadas, que quase dobram o preço durante o evento.
Outra queixa: cadeirante ali está ferrado, sendo que um dos grandes patrocinadores do evento é o banqueiro Pedro Moreira Salles, que é… cadeirante. Existem ideias para construir uma especie de deck pelas principais ruas, para facilitar a vida, por exemplo, de autores mais velhos como Cleonice Bernardinelli, de 96 anos, e para quem usa cadeiras de rodas. Seu percurso nas pedras irregulares deixou muita gente tensa, mas saiu tudo bem, tão bem quanto o evento cultural mais bacana e charmoso do Brasil.