A fé move montanhas, mas não a lama em Guaratiba
Com seus deslocamentos intrépidos pela cidade, a bordo de um veículo sem vidros e sem usar capa nem guarda-chuvas, o Papa Francisco até parece ser à prova d’água. Bem que muitos moradores de Copacabana gostariam que Guaratiba fosse igual…
Depois que ficou claro que o gigantesco terreno do Campo da Fé, na zona oeste, alagou a ponto de não poder mais ser usado, a decisão de transferir os dois últimos eventos da Jornada Mundial da Juventude para a praia despertou opiniões divergentes em Copacabana.
Quem já reclamava de ter o direito de ir e vir impedido por dois dias, ficou irritado de vez; quem andava animado com os “réveillons extras”, levou no bom humor.
Veja o que dizem alguns moradores de Copa:
Paulo Müller, Narcisa Tamborindeguy e Felix Richter: moradores de Copacabana divididos com os eventos extras / fotos: arquivo Lu Lacerda Paulo Müller, cirurgião plástico, morador da Avenida Atlântica há anos e anos: “Quem vive em Copacabana tem que se acostumar com isso. Copacabana é o palco do Rio, seja para grandes shows como Rolling Stones, seja pra réveillon, seja para o Papa”.
Narcisa Tamborindeguy, advogada, que nasceu no bairro e sempre morou ali: “Copacabana já é a praia mais famosa do mundo; agora vai se transformar no bairro mais abençoado do Brasil. Depois da presença intensa do Papa Francisco, é capaz de ninguém aqui pegar mais nem uma gripe; a violência então, deve acabar”.
Felix Richter, fotógrafo: “É muito amadorismo. Agora choveu e vão mudar um evento com público de 2 milhões de pessoas de lugar. Como assim? Ninguém pensou que pudesse chover durante a visita do Papa? Até em festa de criança se pensa nessa possibilidade. Quem mora em Copacabana, viajou e regressa sábado e domingo, como vai fazer para chegar em casa?”
Já uma senhorinha aconselhou: “Vai na fé”. Vai, até porque a fé move montanhas, mas não o lamaçal de Guaratiba.