Poxa, não encontro a metade da minha laranja…Ai, que ódio! Como você mudou desde que a gente se conheceu. Pois é, essa é a cilada da vida amorosa: não consigo achar o amor e, quando encontro, depois de um tempo, já não presta. Esse conflito é a base da história de O Submarino, grande sucesso de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, que está em cartaz, agora, com Marcius Melhem e Luciana Braga.
O Submarino conta, através de cenas pontuais de encontros e desencontros, a história amorosa de Cesar e Rita. Muito diferentes, no começo ele aparece como um sujeito simplório, pouco intelectualizado, incapaz de dividir uma vida a dois. Rita, bibliotecária, nos surge como um tipo mais inquieto, com uma certa erudição. Com essas diferenças, o fim do relacionamento parece a solução mais coerente.
Mas o que é o belo texto nos propõe é uma inversão: Rita é totalmente imatura, egoísta, incapaz de só encontrar prazeres em seu próprio prazer. Cesar é maduro, apaixonado, compreensivo e complacente com os altos e baixos de Rita. Com firme direção de Victor Garcia Peralta, cenário de Miguel Pinto Guimarães, modular como a relação do casal, e a trilha de Pablo Paleólogo, afundamos e voltamos à tona com as separações e os retornos de Cesar e Rita.
Marcius encarna um César cotidiano, simples e direto, em uma composição sutil e de altíssima qualidade. Consegue fugir totalmente da interpretação de Falabella, com um tom que nos faz ficar solidários ao personagem todo o tempo. Mesmo quando diz bobagens sobre literatura, Marcius/Cesar é capaz de nos mostrar que o amor é feito de compreensão, solidariedade, paciência, erros e acertos. E que, por isso, não afunda jamais.
Serviço:
Teatro das Artes
Sexta e sábado às 21h30
Domingo às 20h30