A traição é uma palavra que nos induz a uma condenação imediata, levando-nos a esquecer que não existe efeito sem causa. Segundo dicionários de língua portuguesa, traição é um ato ou efeito de trair(-se); um crime cometido por quem, perfidamente, entrega, denuncia ou vende alguém ou alguma coisa ao inimigo; uma deslealdade; ou, ainda, infidelidade no amor. É interessante observar que a própria definição da palavra nos induz a uma condenação – traição é um crime, uma deslealdade.
Não é tão fácil quanto parece, definir o que é certo e o que é errado: é necessário usar a visão holográfica para considerar o ponto de vista do traído e do traidor. Muitos são os motivos que levam uma pessoa a trair outra ou a trair-se; é preciso compreender o ser humano em toda a sua complexidade, alguém que não cabe na roupa de perfeição exigida pelo sistema, que erra tentando acertar, que algumas vezes acerta quando erra. Um universo!
Antes de mais nada, é necessário assumir a responsabilidade de uma escolha. Qual é a sua intenção: proteger seu ego ou apostar na sua felicidade? Se tem a compreensão do que aconteceu por dentro do outro, por que vai jogar tudo fora? Afinal, o que é mais importante: ter razão ou ser feliz?
Na verdade, a grande traição que cometemos é contra nós mesmos, quando precisamos do aval do outro sobre nós para nos aceitarmos como somos, ou quando entregamos a “chave da nossa felicidade” para o outro; é quando comercializamos o amor, cobrando de volta o que demos com prazer, ou esquecemos que a verdadeira plenitude consiste em encontrarmos a fonte do amor em nosso interior…
Ou seja, muito mais “amar”, do que “ser amado”.