Lucinha Araújo, grande personagem carioca, tem muitas coisas importantes na vida, mas, certamente, a principal delas é a Sociedade Viva Cazuza, fundada por ela em 1990, que cuida de crianças portadoras do vírus HIV. O assunto toca seu coração, que perdeu o único filho, o grande cantor e compositor Cazuza, vítima da AIDS. Não posou de vítima – transformou seu sofrimento a favor de outras pessoas!
Fora as dores (quem não as tem?), Lucinha, além, de muitos amigos, é dona ainda de um dos maiores bens que alguém pode conhecer: a alegria. Talvez os livros “Cazuza, só as mães são felizes” e “Cazuza, preciso dizer que te amo” não demonstrem tanto esse seu lado.
Aliás, todo mês de janeiro, Lucinha fica ainda mais alegre, quando comemora o resultado dos eventos beneficentes que a cada fim de ano reverte renda para a Viva Cazuza. Leia sua entrevista:
UMA LOUCURA: “Uma loucura seria viver para presenciar a cura da AIDS – só sendo loucura mesmo, porque vou ter uns 100 anos até lá, já que tenho 76 e deve demorar mais uns 20 até isso acontecer.”
UMA ROUBADA: “Acho uma roubada essas pessoas que se propõem a fazer eventos usando o nome da Sociedade Viva Cazuza e nunca prestam contas – é como se nada tivesse acontecido. Isso já aconteceu muito.”
UMA IDEIA FIXA: “Uma ideia fixa é que tomara que haja eternidade porque assim posso encontrar o meu filho.”
UM PORRE: “Um não, vários (Lucinha dá sua conhecida gargalhada). Um porre é gente chata que não bebe e fica testemunhando quem bebe pra contar no dia seguinte.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Minha maior frustração é só ter tido um filho.”
UM APAGÃO: “Todas as coisas ruins que aconteceram na minha vida eu apaguei.”
UMA SÍNDROME: “Tenho a síndrome da arrumação.”
UM MEDO: “Todo medo que eu tinha já passou; hoje não tenho medo de mais nada – sou uma mulher destemida.”
UM DEFEITO: “Meu maior defeito é a mania de perfeição. Por exemplo: se eu sair de casa deixando roupas desarrumadas, passo a festa inteira lembrando disso.”
UM DESPRAZER: “O maior desprazer é conviver com gente preconceituosa, seja do tipo que for: preconceito de cor da pele, de raça, de doença, de escolha sexual.”
UM INSUCESSO: “Insucesso foi ter tentado ter mais filhos durante 20 anos, sem resultado, apesar do empenho durante quase todas as noites.”
UM IMPULSO: “Tenho impulso em tietar artistas que eu gosto, não os incomodo, mas adoro conversar com eles. Com o Michael Jackson, por exemplo, ao encontrá-lo numa loja, no Louvre, em Paris, fui imediatamente falar com ele: contei que tive um filho que foi um grande cantor brasileiro. Ele disse que já tinha ouvido falar do Cazuza, depois beijou as minhas mãos. Fiquei louca!”
UMA PARANOIA: “Não tenho nenhuma. Estou numa idade em que a gente resolve as paranoias e vai deixando pelo caminho”.