Diga-me espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu? Qual é o papel fundamental do espelho? “Tudo o que está em cima é igual ao que está embaixo”, proclamava o grande sábio Hermes Trimegistos há milênios. Todos nós, seres humanos, necessitamos de um espelho para descobrir no reflexo, a nossa forma, o nosso aspecto, a nossa manifestação material. Igualmente precisamos desse reflexo, “no outro”, para nos descobrirmos como somos. Este é o princípio da psicanálise.
Passamos a vida projetando no “outro” o que “re-conhecemos” em nós mesmos, conscientes ou não da projeção. Num caminho de conscientização ou crescimento pessoal o espelhamento é fundamental; é a única forma de nos tornarmos “estrelas olhando estrelas”, o que nos diferencia de todas as outras manifestações do planeta Terra.
Um professor, um mestre, um psicólogo, um amigo ou um “livro”, podem nos ajudar nesse processo nem sempre simples e muitas vezes doloroso. “Identificamos” nos outros, em suas experiências, procedimentos, fatos, reações e explicações de “porquês” de nossas próprias atitudes. Em meus quase 35 anos de atendimento, fui procurada por muitas pessoas que descobriram a necessidade de uma análise mais profunda de si mesmos, ou que resolveram determinados problemas através da compreensão obtida em livros, atualmente chamados com certo desprezo por alguns “pseudo-intelectuais”, de “auto-ajuda.”
É claro que, como em todos os setores, é preciso distinguir o que é válido ou não, a boa ou a má qualidade do “produto” adquirido. Sempre existiram e sempre existirão os aproveitadores e os charlatães. Vivemos em um momento muito peculiar do planeta, um momento de grandes transformações…
As fisionomias sofridas e ansiosas das pessoas, demonstram o resultado infrutífero na busca da satisfação e da realização. Com o advento da era industrial o homem se identificou com o que realizava. O “fazer” comandava e qualificava uma pessoa. Em plena era do consumo, o homem projetou a sua felicidade no “ter” (a casa própria, o carro novo, os eletrônicos, o novo parceiro etc.) e descobriu surpreso que, por mais que obtivesse os bens desejados, o buraco interno e a sensação de fome e vazio, a tão falada “carência” permanecia, impedindo a felicidade desejada.
Voltou-se então para dentro de si próprio buscando o “ser”. Muitos caminhos foram abertos desde Freud, que deu o chute inicial em direção ao campo interno. Muitos encontraram respostas para suas angústias. Muitas idéias novas surgiram e muitos desejaram compartilhar o que haviam encontrado. Muitas palavras foram ditas, muitos livros escritos. Por que recusar a ajuda? Vivemos em um universo em expansão, crescimento e evolução. A harmonia pode ser observada em todos os aspectos da natureza, incluindo o que chamamos de catástrofes, que nada mais são do que elementos de renovação para que uma “nova ordem” possa surgir. Da mesma forma, a Nossa vida tende a dar certo. Nós é que atrapalhamos… Por que? Como?