Nasci na famosa Copacabana, com o som das ondas do mar dentro de mim, ora rebeldes, avançando na calçada, ora suaves e deslizantes. Cresci em uma grande casa na beira da Lagoa, um tranquilo bairro residencial, em meio aos flamboyants e tamarindos, com a calmaria das águas à minha frente. Preciso ter sempre água por perto…
Minha atração pelo misterioso e a necessidade de respostas começaram com uma experiência marcante quando eu tinha apenas 11 anos de idade e era aluna de um tradicional colégio de freiras, e que acabou com a superioridade das autoridades em geral. Minha avó Anna de Assis, à qual eu era muito ligada, estava, há meses, internada em um hospital, vítima de um câncer. E qual não foi a minha surpresa ao chegar do colégio e encontrá-la na galeria de nossa casa. Pulei de alegria e corri para abraçá-la, sentindo o calor de seu corpo encostado ao meu, o cheiro de seu habitual perfume; enquanto ela virava as costas e caminhava em silencio pelo comprido corredor, fui atrás, atropelando-a alegremente com perguntas, até que ela passou pela porta fechada no final do corredor, me deixando só…
Soube depois que ela estava sendo enterrada naquele momento. A fé imposta foi rejeitada depois dessa experiência singular. O saber que a morte não existe me fez perder o medo da vida. Saí buscando, curiosa… Continuo buscando, me descobrindo a cada passo mais igual a você e a todos; descobrindo-nos únicos. É uma busca plena em alegria no viver.