Por Cláudia Chaves
Quem não conhece a melhor sensação do mundo? O frio da barriga, o coração acelerado, as mãos que suam, o misto de euforia e tristeza. Quem não conhece o amor? Quem não deseja ter esse amor na cidade da paixão, Paris? Essa é a proposta de Nós Sempre Teremos Paris, de Artur Xexéo, com sessões terças (21h) e quartas (19 h), no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea.
Um homem e uma mulher de meia-idade estão em um café, em Paris, e se recordam de um encontro rápido, mas marcante, que tiveram há 20 anos. Sentem enorme saudade de um futuro que não chegou. Os personagens não tem nomes, apenas Ela, secretária, e Ele jornalista, perdidos dentro da euforia de conhecer Paris. Num café em Montparnasse sentem-se locais e, como locais, querem viver o mito da cidade dos amantes.
Ele e Ela contam as suas histórias de forma monológica: lembranças das próprias vidas se atropelam. O texto vai desenrolando o fio dos fracassos sentimentais. E para substituir a relação amorosa, passional, intensa que jamais aconteceu, se lembram de canções francesas de amor que falam do sentimento. As músicas, assim, exercem o papel do abraço, do beijo, do contato corporal. E assim Ela e Ele vão usando as letras dos grandes chansonniers François Hardy, Montand, Grecco, Becaud e Edith Piaf.
A história tem um tema que se repete: o número 20. O encontro se passa há 20 anos, eles estavam há 20 dias na Europa, a idade é incerta, mas é dentro da casa dos 20. E por que 20? 20 é o número da passagem da adolescência para a vida adulta, 20 é o Julgamento – carta do tarot que significa ressurreição, 20 são duas vezes 10. E o termo dos anos 60 para o casal perfeito era Casal 20 – ele e ela somam as notas 10. 20 anos é o tempo da paixão, de viver qualquer coisa, do futuro a frente. 20 anos é a idade das possibilidades, do que posso mudar. 20 é o número dEle e o número dEla . E em dobro a vida nota dez que procuram.
Tadeu Aguiar (Ele) e Françoise Forton (Ela) desenvolvem bem as duas vozes necessárias para dar o tom encontrado pela diretora Jacqueline Laurence: não existe nem tristeza, nem desesperança. É preciso tentar e para isso a atuação leve, as vozes seguras no canto, os gestos francos produzem na plateia a necessária sensação de torcida pelo final feliz. E ele chega. Sai-se do espetáculo com a alma leve. São 60 minutos de Lindas canções, de um amor bem sucedido que nos lembra que sempre existe a chance de felicidade porque sempre teremos Paris.
SERVIÇO:
Temporada: até 21/11
Local: Teatro das Artes
Shopping da Gávea
Terça às 21h e Quarta às 19h
Preço: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
Classificação: Livre