“Era uma vez. Tudo era longe, passado. Tudo na imaginação. Princesas, madrastas, dragões, órfãos. Até que, um dia, apareceu uma bruxinha. Boa. Engraçada. Ali na minha frente. Pertinho de mim. Eu podia tocar. Bater palmas. Chorar e rir com ela. Torcer. Avisar sobre as bruxas más. Minha imaginação todinha ali. Fui dormir e sonhar com mais.
Assim nasce uma relação. Cotidiana, duradoura, estável. Eu e o teatro. Palco italiano, arena, picadeiro, lona, rua. Luz, voz, corpo. Texto, emoção. Com cenário, sem cenário. Figurino realista. Apenas trapos. Música. Dança. Só gestos. A melodia da voz do ator. Grave. Modulado. Histérico. Firme. Forte. Hesitante. A força motriz do encenador.
Homens. Mulheres. De todas as cores e idades. De todos os sexos. Gargalhadas. Sorrisos. Lágrimas furtivas, soluços. E quem é esse? Sou eu ou não sou eu? Mas se não é minha, é de alguém nessa plateia.
Minutos que passam rápido. Minutos de pura emoção. Minutos que valem uma vida. Teatro é a melhor diversão. Cinéfilos, desculpas.”
A jornalista e professora da PUC Claudia Chaves vai escrever críticas de teatro todas as sextas aqui no “saite”, na seção “Ao vivo e a cores”. As opiniões sobre as melhores peças do Rio, as dicas do que assistir, os teatros mais bacanas… Agora, dá pra acompanhar semanalmente!