Chef premiado, Felipe Bronze começou cedo na gastronomia – ainda na adolescência – e já passou por vários lugares do mundo buscando novidades para o seu atual restaurante, o Oro (aberto em 2010), no Jardim Botânico, já que procura manter sua cozinha “moderna e criativa”. O chef vem acertando em tudo: o quadro recente “O mago da cozinha“, no Fantástico, na TV Globo (onde modifica pratos e sabores típicos de regiões do Brasil) vem agradando às mais variadas classes sociais. Como já estudou a Cabala, Felipe está sempre atento para o ego não inflar, ponto importantíssimo, o que deve repercutir em toda a sua vida. Leia sua Invertida.
UMA LOUCURA: “Quando fui, de um dia pro outro, sem programar nada, do Leblon a Chicago, para jantar no restaurante Alinea. Esperava por isso há dois meses e aconteceu de repente…”
UMA ROUBADA: “Ter ido trabalhar no Mix em 2005. Quis fazer um menu com a identidade do lugar e tentei conciliar as propostas de lá (restaurante gastronômico e night club) com minha cozinha (moderna e criativa), o que evidentemente não teria como dar certo. E não deu mesmo!”
UMA IDEIA FIXA: “Fazer só o que acredito. A cozinha tem uma rotina implacável – não é lugar para burocratas. Essa paixão e vontade de fazer sempre melhor me ajudam a manter o foco, a disciplina e a motivação que dirigir um bom restaurante exige.”
UM PORRE: “No sentido de chatice, o trânsito carioca. Incrível como piorou tanto de uns 10 anos pra cá. No etílico, foi quando voltei a morar no Brasil, em 2001: estava há tanto tempo sem beber que, no jantar de boas-vindas, tomei dois sakes e apaguei no banheiro! Foi uma vergonha: saí do antigo Sushinaka carregado.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “O Z ter fechado tão rapidamente, em 2004. Trabalhei como um louco para que desse certo, mas não rolou. Não imaginava que incompatibilidades fossem tão determinantes numa sociedade. Tive de recomeçar do zero, mas o que achei ser uma catástrofe se revelou uma grande oportunidade: voltei muito mais forte no Oro.”
UM APAGÃO: “Um só é difícil… Recebo umas 70 pessoas diferentes por dia, é muito difícil pra mim lembrar o nome de todas… É horrível! Sou péssimo fisionomista, morro de vergonha disso.”
UMA SÍNDROME: “Tenho horror a lugar cheio! Shopping, cinema, restaurante, jogo de futebol… Me deixa muito desconfortável. Odeio barulho também, tento falar o mais baixo possível durante o serviço, mas às vezes me pego gritando com tudo!”
UM MEDO: “Tenho medo da vaidade. Este ano tem sido maravilhoso: o Oro está ganhando prêmios, o quadro no Fantástico está com uma audiência e repercussão espetaculares; um restaurante novo incrível está a caminho, estou escrevendo meu primeiro livro; e, além de tudo, me sinto completo e feliz por ter encontrado a Cecilia, minha namorada… Faço um exercício constante para não deixar a vaidade reaparecer. Quem já se queimou com sopa assopra até iogurte. ”
UM DEFEITO: “Minha ansiedade é terrível. Sou impaciente, quero tudo para ontem, detesto esperar. Tenho trabalhado nisso, mas é difícil mudar. Também sou um pouco ranzinza, reclamão. Mas talvez meu pior defeito seja me desconcentrar em assuntos que não me interessem. É involuntário, às vezes me pego pensando em mil outras coisas quando a conversa não me interessa. Péssimo.”
UM DESPRAZER: “Fila, de qualquer espécie: desagradável demais. Só comparado a comer mal. Me dá a sensação de desperdício da vida, me deixa muito aborrecido mesmo.”
UM INSUCESSO: “Tive vários, mas considero insucesso mesmo quando deixo de aprender com o anterior e repito o comportamento. Errar faz parte, a história de um sucesso pode nascer de um insucesso, mas repetir o erro é ruim demais. Dá a sensação de estupidez.”
UM IMPULSO: “Redes sociais são perigosíssimas. Gostaria de controlar minha verborragia quando algum assunto relativo à política me tira do sério. Acabo falando (escrevendo) demais.”
UMA PARANOIA: “Ficar velho e não ter feito nada de relevante pela nossa gastronomia. A ideia de ser irrelevante para uma geração de jovens cozinheiros é terrível, pois tenho convicção de que nossa profissão sofrerá uma revolução nos próximos 20 anos. Quero contribuir e participar desse processo ativamente.”