Comentarista da Rede Globo e autor do livro “Elite da Tropa”, Rodrigo Pimentel inaugurou, nessa segunda-feira (06/08), o ciclo de palestras “O Sistema Invisível: Censura & Corrupção”, no Midrash Centro Cultural, no Leblon. Abriu a noite, explicando que José Padilha, diretor dos filmes “Tropa de Elite 1 e 2”, inicia os preparativos para o terceiro longa da série, desta vez, com revelações sobre a tomada do Complexo do Alemão pelas forças militares, em 2010. Os filmes são baseados no livro de Pimentel, que será o roteirista do próximo.
Pimentel falou do envolvimento da polícia com o crime. “O problema da violência hoje na cidade é a corrupção que existe na polícia. Prova disso é que a maioria das armas encontradas na operação (600 fuzis e mais um número enorme de pistolas) era da própria polícia. São policiais os grandes fornecedores de armas para o tráfico”, explicou.
É equivocado dizer que é a cocaína a ‘menina dos olhos’ do tráfico de drogas, e não a maconha. De fato, a cocaína é mais cara, mas os números são reveladores: na operação do Alemão, a polícia encontrou 37 toneladas de maconha e 200 kg de cocaína. Sobre o usuário de drogas, Rodrigo foi contundente ao explicar que ele participa de forma ativa dessa violência.
Rodrigo falou também sobre a promíscua relação entre samba, futebol e crime organizado: “Por meio do samba e do futebol, grandes criminosos limpam sua imagem perante a sociedade. O dinheiro do bicho é lavado no samba.” Falou ainda sobre a existência de outras máfias no Rio, como a de vans e da venda de cocos nas praias.
O comentarista observou também que a venda de drogas nas favelas com UPPs continua a existir, mas de maneira menos violenta. Segundo ele, hoje é um tráfico que não mata: “O tráfico hoje ri das UPPs. Tem traficante que diz que atualmente vende 10 vezes mais porque tem mais gente circulando nas favelas, tem turista, tem segurança… Mas, de fato, o número de homicídios caiu vertiginosamente. Em 30 dias, tivemos um homicídio lá. O Morro do Alemão hoje é mais seguro do que Paris.”
Mesmo ainda com tantos problemas, Rodrigo deixou claro seu otimismo ante as mudanças que vêm acontecendo na segurança da cidade. Não se mudam as coisas de uma hora pra outra. Há um processo de adaptação e de mudança que é lento mesmo, mas vejo que estamos melhorando. “Cabral investiu na despolitização da polícia, e esse, sem dúvida, foi um grande passo”, explicou ele.