Siron Franco, que acaba de inaugurar a exposição Brasil Serrado, de 600 m², no Museu de Arte Moderna, uma das atrações culturais da Rio+20, está absolutamente feliz com o resultado do trabalho – a visitação está altíssima. Fica até 23 de junho no museu. Tudo mostrado pelo artista é muitissensorial, em que o principal objetivo é chamar atenção para a urgência da preservação. O fato é que o trabalho de Siron, ali exposto, deixou todo mundo emocionado, principalmente com a sonorização dos espaços, dos aromas da região, dos slides enormes e impressionantes.
Siron Franco acha que a exposição atual foi um presente na sua vida, por poder falar na sua região, adorou o convite da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. O artista está superacostumado a convites desse porte: em 92, com apoio da Prefeitura carioca e do Fórum Global da Conferência da ONU Eco 92, Siron criou o Monumento à Paz, que está instalado no Centro do Rio até hoje.
Com seu jeito entre suave, atencioso, simples e, quase sempre, modesto, o artista respondia a cada visitante no MAM às perguntas mais variadas e até óbvias! Siron, nascido em Goiânia, é o mais novo carioca: veio morar no Rio recentemente, no Flamengo, com a atual família, a mulher, Eli, e a filha, Ísis, de 10 anos, a quinta, incluindo os dos casamentos anteriores.
UMA LOUCURA – “Loucura foi passar um mês no Xingu sem telefone, e sem nenhuma comunicação externa. Viver sem o relógio é uma grande experiência.”
UMA ROUBADA – “Roubada é cair na armadilha dos inimigos. Se tenho muitos, não sei. Só respondia a inimigos até os 30, desde então me libertei, me ligo apenas nos amigos.”
UMA IDEIA FIXA – “A ideia de deixar um trabalho interessante para as próximas gerações. A gente nunca acha que está deixando – espero que eu consiga.”
UM PORRE – “Porre pra mim é sempre uma coisa boa – está sempre relacionado com amigos e com a minha mulher. Ando cada vez mais budista – não falo mal de ninguém, por exemplo, isso é um exercício.”
UMA FRUSTRAÇÃO – “Parece pretensioso, mas meu pai me ensinou que, quando a pessoa tem saúde, enxerga, anda e fala, não existe espaço para frustrações.”
UM APAGÃO – “Considero um apagão a falta de amor, a falta de pensar no próximo.”
UMA SÍNDROME – “Minha síndrome é o trabalho.”
UM MEDO – “Tenho muitos medos, mas não me ligo nessa tomada. Sempre tive o medo de ousar, mas só o suficiente para me proteger.”
UM DEFEITO – “Tenho vários defeitos, claro, mas sobretudo tenho o defeito de acreditar muito rápido nas pessoas; sou do tipo que quase acredita em Papai Noel e disco-voador.”
UM DESPRAZER – “O maior dos desprazeres é encontrar desafetos em determinadas situações, principalmente quando não consigo me safar dos canalhas que todo mundo tem.”
UM INSUCESSO – “Como nunca coloquei na minha cabeça o conceito de sucesso, acho que não os tenho. Sucesso pra mim é coisa íntima – mais do que o externo, o que conta é o interno. A competição é apenas comigo mesmo, com os outros, eu aprendo.”
UM IMPULSO – “Impulso foi quando olhei pra minha mulher pela primeira vez, acabamos nos raptando há quase 11 anos. Logo casamos, apenas eu, ela e o padre – me sinto quase um bicho do serrado.”
UMA PARANOIA – “A pior das paranoias foi viver a Ditadura. Condeno todos os ditadores, seja de esquerda, seja de direita – tenho pavor. Era a época da minha adolescência.”