A Rio+20, que chega ao fim neste 22 de junho, trouxe principalmente uma sensação: a de algo que ninguém pode tocar, ninguém pode ver, ninguém pode colocar numa eco-bag. Não tem cheiro, não tem cor, não tem sabor, mas existe. É a sensação de segurança – tão distante de quem vive no Rio, a famosa cidade onde está acontecendo o grande evento.
Existem ainda outras sensações, todas cheias de esperança para uma época sustentável e das melhorias fundamentais que possam vir daí, o que pode ser maravilhoso; mas só saberemos no futuro! E o mais imediato, o mais urgente para os cariocas? Infelizmente, sabemos ser efêmera a presença de policiais em cada esquina. O policiamento que está nas ruas para proteger os chefes de Estado de outros países é o que o cidadão merecia ter o ano inteiro. Como precisamos disso! Quem não gostaria de se sentir livre dos sobressaltos, dos temores, das violências do dia a dia, tão conhecidos de todos nós?
A cariocada aproveita para curtir com a situação – esta semana, quando um argentino (talvez um pouco desavisado) perguntou a razão de tantos carros do Exército em Copacabana, um produtor musical respondeu: “É para nossa proteção, já que anda perigoso, a cidade está cheia de políticos de todo o mundo”, em tom de brincadeira.
Enquanto isso, vamos ao agora. Tudo que normalmente não pode ser feito, poderia ao longo desta semana: se você gosta de joias, mas tem medo de usá-las, poderá fazê-lo até esta sexta-feira; se você tem medo de andar a pé pelas ruas, poderá fazê-lo até esta sexta-feira; se você gosta de ter dinheiro na bolsa, poderá fazê-lo até esta sexta-feira, quando acaba o grande evento. Nenhum bandido vai ameaçar, de jeito nenhum, a polícia está em todos os lugares da cidade, e isso espanta a marginalidade.
Pena que essa sensação tão prazerosa – assim como a que vivemos na Eco 92 – se dissolva tão rápido quanto algumas promessas dos dirigentes, que somem no ar – cada vez mais poluído! Depois, nós, que moramos no Rio, continuaremos a ver navios – e não são os da Greenpeace.