Todo mundo está acompanhando os episódios violentos que tomaram conta das ruas do Rio desde o último fim de semana, com arrastões, carros incendiados, violência generalizada, promovidos pelo tráfico, cujas facções se uniram para tentar desestabilizar as Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs – o que culminou, nesta quinta-feira (25/11) na invasão de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) à favela da Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, carros blindados do mesmo tipo daqueles utilizados na Guerra do Iraque. Imagens da TV Globo mostrando ao vivo e em cores a fuga coletiva dos bandidos deixaram chocados até cariocas muito habituados com o assunto, ou seja, todos. O medo tomou conta do Rio. Veja algumas opiniões de pessoas influentes da cidade.
* Glória Maria (jornalista): “Nunca pensei em estar viva, em mais de 30 anos de jornalismo, para ver o que estou vendo. Apesar disso, estou fazendo tudo igual; quem tem que mudar a rotina é o governo, não sou eu”.
* Olavo Monteiro de Carvalho (empresário): “Está difícil desgrudar da televisão, não consigo fazer outra coisa”.
* Luiza Brunet (modelo): “Estou vendo isso como um filme, meu espírito está no chão. Nós, cariocas, estamos entregues às baratas; isso deixa nosso Rio mais enfraquecido, despreparado para receber os grandes eventos, como está planejado. Não saio de casa, tenho medo”.
* Paula Lavigne (produtora executiva): “Nunca fui de rezar, mas comecei a fazer isso”.
* David Zylbersztajn (empresário da área de petróleo): “Estou afetado pela tensão, apreensivo, como todos. Não tenho carro blindado. O que percebo é que, pela primeira vez, a violência está acuada, e isso nos dá uma esperança, é uma desarticulação. Não sou a favor da pena de morte, mas, num confronto, sendo inevitável, tem que matar; claro que isso não é um objetivo, é uma consequência”.
* Paulo Müller (cirurgião plástico): “Morar no Rio é saber que é preciso viver assim. Nunca vi as ruas tão vazias”.
* Narcisa Tamborindeguy (personagem carioca): “Quem tem que ficar preso é bandido, não sou eu, estou fazendo tudo igual. E não é porque ando de carro blindado – essas nossas blindagens são para assaltinho, uma granada explode tudo, não é nada. Isso está acontecendo também pelos baixos salários dos policiais. Eles não merecem ser tão ultrajados, ninguém consegue viver com tão pouco”.
* Bruno Chateaubriand (produtor de eventos): “Não tenho partido político – sou a favor do Rio. Os cariocas têm que estar muito otimistas com a cidade: voltamos para a rota de eventos internacionais, e, pela primeira vez, o Estado tem uma política de segurança decente, com exemplo das UPPs. Os policiais lutam por uma sociedade melhor, impulsionados pelo filme “Tropa de Elite”, que criou um herói dentro da instituição. Basta paulista pra falar mal da gente. Quero só ver quando a Rocinha explodir, ao lado da casa do governador, da minha e da sua. Todo mundo vai bater cabeça para os caras que tiveram coragem de enfrentar a situação”.