Entre as bandeiras colocadas no ponto mais alto do morro do Alemão, destaca-se a do Brasil, simbolizando a ocupação do conjunto de favelas cariocas. A principal imagem que vai rodar o mundo como sendo a da vitória das forças do Estado contra o narcotráfico, seguramente, é a da nossa bandeira. A leitura errada que se fará é que o Brasil tinha uma área dominada pelo crime tanto quanto as Farc dominaram parte da Colômbia. Absolutamente, não é esse o caso. O entusiasmo da brilhante vitória vai criar a impressão de que, durante algum tempo, o País não tinha domínio sobre parte do seu território. Chamaria muito menos atenção da imprensa internacional se as bandeiras ali fincadas fossem apenas as das tropas envolvidas no embate. Mal comparando, talvez as polícias tenham se inspirado na Batalha de Iwo Jima, entre os Estados Unidos e o Japão, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Como resultado, os EUA ganharam o controle da ilha de Iwo Jima. O hasteamento da bandeira norte-americana, no cume do Monte Suribachi, correu o mundo. É um dos ícones dessa guerra. Assim, no desfecho do morro do Alemão, mais parece um resgate da soberania e não uma vitória sobre o narcotráfico.