Os depoimentos pedidos por Narcisa Tamborindeguy para o recém-lançado livro “Ai! Que Absurdo!” foram derrubados, pelo editor, supõe-se. Desde Ivo Pitanguy até Lou de Oliveira e outras tantas pessoas. Todos foram parar, certamente, no lixo. Fica a idéia de lançar um outro só de depoimentos sobre ela. Aqui vai o desta colunista, razão de o texto estar em primeira pessoa:
*Narcisa não asfixia, Narcisa não camufla, Narcisa não disfarça suas vontades, ainda que possam parecer absurdas para quem quer que seja. Num determinado dia, liguei para um dos seus telefones portáteis (é uma personagem que gosta de usar vários), sabendo que estaria em São Paulo, como é frequente. Ela atendeu: “Te ligo daqui a pouco; estou rezando na sepultura do papai”. Curiosa, perguntei: “Mas você não está fora do Rio?” – sabendo que o “tio” Mário foi enterrado num cemitério carioca, em Botafogo. Foi então que ouvi a explicação: “Hoje é Dia de Finados. Mandei meu motorista para o São João Batista e estou rezando pelo celular. Qual a diferença?” Pus-me a imaginar a situação: o chauffeur (em francês mesmo; nesse caso pega bem), naquele sol de novembro, quando fazia um lindo dia no Rio, com o telefone colado à lápide, enquanto Narcisa rezava, rezava, rezava; em seguida mandava beijos e abria os braços. Essa é uma cena característica de Narcisa: rezar de um modo bastante peculiar. Antes de ligar de novo – tinha pressa em falar -, pensei: estaria a Tamborindeguy ainda fazendo a oração? Não, de jeito nenhum! Haviam passado 10 minutos e, nesse momento, Narcisa já poderia estar às voltas com uma tacinha de champagne, ou numa academia de ginástica, ou, ainda, experimentando um novo modelo de bolsa . Normalmente, em sua vida, tudo pode ser assim: mudar de um segundo para o outro.*