São vários nomes/apelidos. Metáforas de flor, de animais… Adjetivos, nada a ver: palavras de baixo calão. Nem a mulher a conhece, escondida, longínqua. Desconhecida mesmo, assustadora. Tudo isso, desde os pequenos e esquisitos apelidos, o embaraço está na peça ”Monólogos da Vagina”, em cartaz no Teatro dos Grandes Atores.
De um real monólogo encenado pela própria autora, Eve Ensler, em 1996, até o enorme sucesso mundial, Os Monólogos, sempre no plural, trouxeram à tona as dificuldades, as alegrias, os impasses do órgão sexual feminino. São 12 cenas/esquetes na adaptação e direção de Miguel Falabella, com as atrizes Adriana Lessa, Cacau Mello, Maximiliana Reis, revezando-se em oito diferentes papéis cada uma das atrizes.
“Eu gostaria de acreditar que a peça está desatualizada e irrelevante, mas infelizmente não está”, disse Eve Ensler. “Eu viajo o Planeta; nos Estados Unidos, 51% da população têm vaginas, e não somos capazes de ter uma política social sobre essas vaginas. Sabemos que uma em cada três mulheres será estuprada ou espancada em sua vida; então sabemos que temos um longo caminho a percorrer antes que as vaginas sejam liberadas.”
O texto é alternadamente hilário com situações dramáticas; por isso é profundamente perturbador. Tão importantes os monólogos sérios – o tributo às vítimas de estupro da Bósnia, um relatório de testemunhas oculares sobre a maravilha do parto -, mas o humor é a força real e motriz. Aqui, o riso começa tímido, cresce nervoso e depois vira a válvula de escape de tentar compreender aquilo que é mistério: o poder da vagina.
Serviço:
Teatro dos Grandes Atores.
Sextas e sábados, às 21h
Domingos, às 20h