Em menos de um mês à frente da Secretaria Estadual de Cultura, o advogado André Lazaroni já teve de enfrentar uma pequena crise. Com o pedido de demissão do ator Milton Gonçalves para o cargo de presidente do Theatro Municipal, principal casa de espetáculos da cidade carioca, André resolveu assumir a vaga – segundo ele, para economizar os R$ 20 mil de salário, que serão revertidos para a Fundação Theatro Municipal.
Não é a primeira vez que André acumula funções: em 2013 foi Secretário de Estado de Esporte e Lazer do Rio ao mesmo tempo que presidente da Superintendência de Desportos do Estado (SUDERJ), que administra o Maracanã. Começou na política na área ambiental, ficando conhecido como o deputado André do PV. A quem atribui sua nomeação à uma ação para fortalecer o PMDB no Estado e garantir uma base mais favorável na Alerj, ele prefere lembrar que sempre esteve ligado à cultura, ao lado de sua mãe, Dalva Lazaroni, que era escritora e professora.
Se quando o Municipal tem um presidente dedicado em tempo integral ao teatro parece não ser fácil, imagina com alguém acumulando cargos, como no seu caso. Não fica ainda mais complicado?
“Acordo às seis da manhã e durmo à meia-noite, acordo e durmo trabalhando – tenho um bom diretor artístico, com liberdade total (nota do site: André Heller-Lopes), é um brigador pelo lado dele. Não tenho compromisso com erro. Se errar, se achar pesado, coloco um presidente. Não tenho vergonha de mudar, mas vou conseguir tocar. A folha do Theatro Municipal está em R$ 5, 5 milhões por mês. Para funcionar redondo, vamos ter de trabalhar muito. Não é barato, é caro em todos os sentidos, mas vamos buscar parceiros e verbas”.
Por falar em recursos, como anda o caixa geral da Secretaria? Sabe-se que a secretaria municipal de Cultura está com uma dívida de R$ 25 milhões….
“Se o Estado está sem dinheiro, imagina a Cultura. Como todo o governo, vamos ter que inovar, vou pedir socorro ao ministro da Cultura Roberto Freire, já conversei com a secretária municipal de Cultura Nilcemar Nogueira. Vou motivando a equipe e tentando parceiras com a Cedae, o Sebrae, Fecomércio, Firjan. Não sou de reclamar, sou de trabalhar”.
O que pretende atacar logo de frente?
“Tratar da formação de produtores culturais é importantíssimo; a indústria da economia criativa, também. Quero melhorar o que já existe e ampliar a rede. O Rio, por si, poderia ser um país multicultural – tem mistura de asfalto com favela”.
Qual seria a sua realização máxima como secretário de Cultura?
“Minha realização máxima seria conseguir reabrir as bibliotecas parques, colocar as equipes do Estado funcionando, cuidar da cultura para as comunidades, atender ricos, pobres e toda a população. Se conseguir isso, vou ser uma pessoa realizada”.
Não esqueça, secretário, que é um órgão estadual e os municípios do Estado do Rio também aguardam por ações. Não é justo que a capital tenha duas secretarias de cultura e o interior continue abandonado!