Quando a atriz Gisela de Castro recebeu o convite para fazer a peça “Eugênia”, pensou: “Qual a relevância de falar da amante do rei português João VI no século XIX?” Mas, ao conhecer a personagem, decidiu que era urgente contar essa história no século XXI, quando a maioria das mulheres ainda precisa reclamar os seus direitos.
O enredo verdadeiro é triste: filha do governador de Minas Gerais, a brasileira Eugênia José de Menezes era dama de companhia de Carlota Joaquina na corte portuguesa, quando foi assediada e engravidou de Dom João VI. Foi exilada num convento na Espanha e, sua filha, entregue a um médico português, “um pai laranja”, segundo Gisela. No monólogo, ela surge como uma morta que volta à vida: “Tem muito da alegria do Dia dos Mortos mexicano”, diz Gisela, que conta que as crianças que assistem ao espetáculo – liberado para maiores de 10 anos – morrem de rir.
A atriz reconhece que o estigma da amante ainda existe na moral do público, mas que a personagem conquista a plateia: “Ela é mais vítima que outra coisa, não foi lá e roubou o marido da outra”, justifica. A peça, que já está em sua sétima temporada, tem mais duas apresentações gratuitas este fim de semana (25 e 26/03) no Espaço Cultural Furnas e, em abril, vai ser apresentada, todas as quintas, no Teatro Serrador.