Com o pedido de exoneração de Milton Gonçalves da presidência do Theatro Municipal, cargo em que ficou por apenas 14 dias, o secretário estadual de Cultura André Lazaroni agiu rápido: decidiu ele próprio assumir a presidência da casa de espetáculos, sem ganhar salário, e nomeou o diretor cênico André Heller-Lopes para a direção artística. Milton, alertado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República de que configuraria conflito de interesse assumir a direção de espaços culturais, preferiu continuar como conselheiro e abriu mão do Municipal (essa é a versão oficial).
Heller-Lopes é uma pessoa do métier: já dirigiu várias óperas no Municipal e é conhecido no circuito operístico de Buenos Aires, Bogotá, Santiago, Londres e Lisboa. Ele já tem alinhavado, inclusive, um projeto em parceria com o Convent Garden, de Londres, para a descoberta de novos cantores líricos e maestros no Brasil. “Minha ênfase é nos talentos nacionais, na ampliação do público e na valorização da ópera brasileira”, conta. O Municipal ganha com sangue novo e em ousadia: na montagem que dirigiu da ópera “Rigoletto”, André colocou em cena um beijo gay; em “Don Pasquale”, insinuou sexo oral. “Eu sou um ‘cara da opera’, fã de balé clássico, músico por formação. Acima disso tudo, um carioca apaixonado pelo Rio”, conclui.